Inauguração do Memorial São Francisco de Assis Resgata a História da Antiga Colônia

No dia 4 de dezembro de 2025, foi inaugurado na Casa de Saúde São Francisco de Assis o Memorial São Francisco de Assis, um projeto de extensão desenvolvido em parceria entre a Fundação João Pinheiro, a Casa de Saúde São Francisco de Assis e o Centro Social São Francisco de Assis.

A exposição, que ficará aberta à visitação pública, reúne uma vasta coleção de fotografias, documentos, objetos e instrumentos históricos da antiga Colônia São Francisco de Assis, proporcionando uma reflexão sobre a trajetória da instituição e de seus moradores.
O evento teve início no auditório da unidade hospitalar, o Salão D. Almerinda, com a composição de uma mesa de autoridades, composta por representantes de diversas instituições envolvidas. O Representante do MORHAM (Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase), Vicente Ferreira, a Coordenadora do Centro Social Irmã Aparecida da Silva, a Diretora da Unidade, Vanessa Cristina Leite da Silveira, o Prefeito Municipal de Bambuí, Firmino Júnior, a Presidente da Fundação João Pinheiro, Luciana Lopes e a Presidente da Fhemig, Renata Leles.

Homenagens
O evento seguiu com um momento de homenagens, destacando figuras que contribuíram para a preservação da memória da antiga colônia e da luta contra a hanseníase.
Em nome de todos os moradores da comunidade, foi homenageada a senhora Inês Figueiredo Silva, moradora desde 1965, acompanhada pelo jovem Guilherme do Couto, que destacou a importância do Memorial para o reconhecimento da história da ex-colônia.
A servidora Lilian Maria Dornelas, da Casa de Saúde São Francisco de Assis, foi reconhecida por sua dedicação à preservação da memória histórica da unidade, enquanto Sidney Cid Garcia, arquiteto da FHEMIG, foi homenageado por sua dedicação na organização do Memorial e seus estudos sobre a hospitalidade nas instituições de saúde mental e hanseníase.

O Legado da Memória
Em seu discurso, a diretora Vanessa Cristina Leite da Silveira, enfatizou o valor do Memorial como um instrumento de preservação da história: “Ao manter viva essa memória, honramos aqueles que viveram aqui, preservamos um capítulo fundamental da saúde pública brasileira e abrimos novas possibilidades de diálogo, conhecimento e transformação. É um legado que oferecemos às futuras gerações com responsabilidade, respeito e esperança.”
Gustavo Bosco, acadêmico responsável por iniciar o projeto, ressaltou a relevância do espaço para o reconhecimento da dignidade dos que viveram na antiga colônia: “Mais do que mostrar um passado de violações, o Memorial São Francisco de Assis oferece um lugar para se escutar e reconhecer a dignidade de quem viveu e resistiu lá.”

Sidney Cid Garcia, Arquiteto da Fhemig relata: “As COLÔNIAS eram espelhos que refletiam os lugares da HOSPITALIDADE e os lugares da HOSTILIDADE, tão presentes no mundo!”
O Memorial: Reflexão e Preservação

Após o discurso, os participantes foram convidados a conhecer o Memorial São Francisco de Assis. A visita ao espaço simbolizou o encerramento da cerimônia e proporcionou um mergulho no passado da antiga colônia, que, ao longo de sua existência, foi marcada tanto por momentos de exclusão quanto de resistência e reconstrução de vidas.

Neste momento foi possível perceber a empolgação de muitas pessoas que participaram do evento, algumas perguntaram “como um lugar como São Francisco de Assis poderia ter produzido histórias tão belas no meio da hostilidade”, reafirmando assim a ambiguidade existente entre a HOSPITALIDADE e HOSTILIDADE.

O Memorial São Francisco de Assis surge como uma à necessidade de preservar e refletir a inserção da memória e o cotidiano das pessoas, além de reconhecer as conquistas de resiliência e dignidade dos que ali viveram. Ao relembrar a trajetória da antiga colônia, o Memorial reafirma o compromisso com uma saúde mais inclusiva, pautada no respeito aos direitos humanos. A preservação dessa memória é essencial para que as futuras gerações compreendam a importância histórica da Colônia São Francisco de Assis, não apenas no campo da saúde pública, mas também como um marco social e cultural. A inauguração do Memorial representa, portanto, mais do que a simples abertura de um espaço de exposição; ela é um convite à reflexão coletiva sobre o passado e o futuro da saúde, dos direitos humanos e da memória histórica. O Memorial será aberto a visitação pública a partir de janeiro de 2025, inicialmente, através de agendamento. Todos serão bem-vindos!

A História da Colônia São Francisco de Assis
Fundada em março de 1943, na zona rural de Bambuí, Minas Gerais, a Colônia São Francisco de Assis foi criada com o objetivo de isolar pessoas afetadas pela hanseníase. A colônia abrigava pacientes de várias regiões de Minas Gerais e Goiás e foi parte de uma política sanitarista que, à época, optava pelo isolamento social como forma de controle da doença. Com o tempo, o local se transformou em um vilarejo, com infraestrutura para abrigar moradias, espaços de convivência e um grande hospital.
A história da Colônia é marcada pela ambiguidade: se, por um lado, a exclusão e o preconceito foram evidentes, por outro, muitos residentes encontraram ali a oportunidade de reconstruir suas vidas e estabelecer laços de solidariedade. O debate sobre a hospitalidade versus hostilidade foi central para a vivência dos internos, refletindo os desafios enfrentados por aqueles que foram isolados.

Nova vocação
Atualmente, a Casa de Saúde São Francisco de Assis oferece 50 leitos na Unidade de Cuidados Prolongados (UCP), que conta com equipe multiprofissional, e é destinada a pacientes em situação clínica estável - que não precisam de atenção hospitalar, mas que ainda dependem de reabilitação ou adaptação a sequelas decorrentes de problemas clínicos, pós-cirúrgicos ou de traumas graves. A Unidade também mantêm o compromisso integral com as pessoas que foram atingidas pela hanseníase.