Projeto do IFMG resgata história da Comunidade São Francisco de Assis e promove ações sociais em Bambuí
Um projeto de extensão desenvolvido por estudantes do IFMG – Campus Arcos tem resgatado a história da Comunidade São Francisco de Assis, em Bambuí, e promovido ações práticas voltadas ao fortalecimento da memória local e ao diálogo com moradores. A iniciativa, intitulada “Silêncio, Estigma e Esperança”, envolve alunas do primeiro período do curso de Direito e busca compreender o passado da antiga Casa de Saúde, marcada por décadas de isolamento compulsório de pessoas diagnosticadas com hanseníase.
A antiga instituição, que funcionou como hospital-colônia, foi durante muitos anos cenário de separação de famílias e de políticas públicas baseadas no isolamento. Ao mesmo tempo, freiras ligadas à unidade desempenharam papel fundamental no cuidado aos pacientes, oferecendo acolhimento em meio ao estigma social da época.
Com o avanço da medicina e o fim do isolamento, o local evoluiu para a atual Comunidade São Francisco de Assis, onde ex-pacientes e familiares construíram um novo modo de vida. Para entender como vivem hoje e quais são as principais demandas da população local, as estudantes realizaram entrevistas com moradores e religiosas, registrando relatos marcados pela memória, pela luta e pela busca por melhores condições.
Entre os pontos citados pelos entrevistados, destacam-se a tranquilidade do bairro e o bom relacionamento entre vizinhos. No entanto, moradores apontaram carência de investimentos públicos, especialmente em transporte, lazer e oportunidades de trabalho.
Ações realizadas pelo projeto
Além da pesquisa histórica e dos registros de memória, o grupo também colocou em prática ações de extensão voltadas para a comunidade:
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Reunião com representantes da Prefeitura, onde foram apresentadas as demandas e percepções coletadas;
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Tarde de lazer para as crianças da comunidade, atendendo a pedidos de moradores;
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Elaboração e distribuição de uma cartilha informativa, explicando a história da comunidade e os objetivos do projeto;
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Produção de matéria jornalística, ampliando o alcance do trabalho e dando visibilidade ao tema.
As alunas Brenda Letícia, Camilla Dias, Claudilene Martins, Júlia Daniely e Yasmin Goulart destacaram que o projeto trouxe não apenas aprendizado acadêmico, mas também uma compreensão mais profunda do papel social do Direito.
“O contato com os moradores reforçou a importância de ouvir, registrar e respeitar a memória de quem viveu o estigma e ainda luta por dignidade. Foi uma experiência transformadora”, relataram.
Memória, dignidade e futuro
A história da Comunidade São Francisco de Assis representa um capítulo importante da saúde pública brasileira e da trajetória social de Bambuí. Resgatá-la significa valorizar as pessoas que viveram sob o peso do preconceito e fortalecer ações que garantam direitos e inclusão.
O trabalho desenvolvido pelo IFMG é mais um passo para que a história da comunidade continue sendo contada — não mais pelo silêncio, mas pela valorização de sua identidade e pela esperança de um futuro mais justo e acolhedor.
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