Zema defende colocar anistia a Bolsonaro na negociação do tarifaço
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), pré-candidato à Presidência da República, defendeu nesta terça-feira (29) a anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como parte das negociações diplomáticas diante das sanções comerciais impostas pelos Estados Unidos ao Brasil. Para Zema, o julgamento de Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito da suposta tentativa de golpe de Estado, é uma das motivações da retaliação americana.
“Isso, sim, deve ser colocado na mesa. Vimos nos últimos dias editoriais do Estadão e d'O Globo, e manifestações de ex-ministros e ex-presidentes do Supremo contra os excessos que estão sendo cometidos, principalmente contra o ex-presidente Jair Bolsonaro”, afirmou Zema em entrevista ao UOL News.
O governador voltou a classificar o julgamento como “perseguição política” e criticou a condução do processo pelo ministro Alexandre de Moraes. “Seria muito bom termos uma revisão da condução desse processo. Da forma como isso está sendo feito, está claríssimo que estamos ferindo a nossa Constituição”, disse.
A proposta de anistia ao ex-presidente e aos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 também tem sido defendida pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que tem articulado apoio do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para sanções contra ministros do STF.
Apesar de criticar as medidas cautelares impostas por Moraes, como a proibição de contato entre Eduardo e Jair Bolsonaro, Zema condenou a atuação do deputado em articulações internacionais. “Compreendo o momento difícil, mas nada justificaria uma manifestação contra o Brasil e milhões de brasileiros que dependem dos seus empregos e dessas exportações”, afirmou.
Zema também direcionou críticas ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em especial ao alinhamento do país ao grupo BRICS — que inclui Rússia, Índia, China e África do Sul. Segundo ele, o bloco "desagrada muito aos americanos" e não traz benefícios concretos ao Brasil. “Não estamos falando de países com a mesma cultura que a nossa, cristãos, democráticos. É um aglomerado de países que parece querer questionar a ordem mundial sem ter nenhuma proposta concreta”, argumentou.
Apesar do posicionamento contrário ao BRICS, o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) negocia com o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) — presidido pela ex-presidente Dilma Rousseff — um empréstimo de US$ 200 milhões para projetos em pequenos e médios municípios de Minas Gerais. A operação conta com o apoio do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT).
Zema também confirmou que não participará da reunião do Fórum de Governadores, que contará com a presença do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), para discutir o aumento de tarifas dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. Segundo ele, já havia compromissos agendados com empresários mineiros. A secretária de Desenvolvimento Econômico, Mila Corrêa, representará o estado no encontro.