Firmino Júnior: Dia de falar de educação

Nesta segunda-feira, dia 28 de abril, é celebrado o Dia Internacional da Educação e, como professor que sou, não poderia deixar de tecer alguns comentários sobre esta tão importante data. Na verdade, o dia também é um momento para que possamos rememorar alguns dos problemas magnos que temos nesse segmento – sem dúvidas, o mais importante da vida humana. Sou otimista, é verdade, mas não sou cego. Houve avanços nos últimos anos, mas ainda temos muito que melhorar no que diz respeito a investimentos e boa aplicação de recursos. A legislação, que obriga o uso de 25% dos recursos das cidades com a educação, não é sozinha suficiente. Basicamente precisamos avançar em três pilares: remuneração e plano de carreira dos profissionais da educação; qualidade do material oferecido, que culmina em maior aproveitamento do aprendizado e; infraestrutura das escolas. Há que se citar o exemplo da cidade de Arcos, em Minas Gerais, que desde 2013 vem atuando dentro desses três pilares. Com o intuito de melhorar os índices de avaliação, mas mais do que isso, de agregar valor ao processo de ensino aprendizagem, a Prefeitura da cidade investiu pesado nos três paradigmas citados anteriormente. A métrica se dá a partir do pensamento de Arthur Lewis, que garantira que educação nunca foi despesa, mas sim, investimento com retorno garantido. Na cidade de menos de 40 mil habitantes, os professores tiveram sua remuneração reajustada segundo a Lei do Piso Nacional, bem como sua carga horária respeitada e seu plano de carreira revisto. A Prefeitura contratou material de primeiro mundo, da Editora Positivo, com conteúdos dinâmicos que interessam aos alunos. O contrato também prevê a inserção em plataformas virtuais, tornando o ensino prazeroso e agradável. Além disso, começa-se uma crescente ampliação e reforma das escolas, melhorando os espaços e fazendo da escola um verdadeiro centro de convivência. O próximo passo, garante a equipe de trabalho, é investir em tecnologia, capacitação e treinamento e inserção da família na escola, com a inclusão do tempo integral. Exemplos como esse mostram que há recursos sim, para se fazer uma educação de qualidade em todos os municípios brasileiros. Fica a dica e o exemplo para as outras cidades. Para além dessas mudanças que demandam boa gestão pública, deve-se ficar também atento ao novo perfil profissional do professor, descrito pela ONG Todos pela Educação. Precisamos, cada vez mais, gostarmos daquilo que fazemos e isso vale para todas as profissões. É também preciso uma boa formação, mas é claro, as instituições, sobretudo as públicas, precisam oferecer tempo e incentivos para isso. Falar a língua dos alunos, usar as novas tecnologias em sala de aula e ir além do conteúdo formal também são desafios que não podem escapar da nossa percepção docente. O mestre Anísio Teixeira costumava dizer que: “Educar é crescer. E crescer é viver. Educação é, assim, vida no sentido mais autêntico da palavra”. Pitágoras, entre suas várias citações, também chegou a clamar: “Educai as crianças, para que não seja necessário punir os adultos”. FIRMINO JÚNIOR, bambuiense, é professor na PUC Minas e no Instituto Federal, também jornalista e escritor, tem mestrado na área de Comunicação. Contato: .firmino.junior@yahoo.com.br