Prefeituras mineiras são vítimas de golpes milionários e apontam falhas em sistema da Caixa Econômica Federal

O número de prefeituras vítimas de golpes virtuais em Minas Gerais vem crescendo e já ultrapassa R$ 10 milhões em prejuízos, segundo dados apresentados nesta quinta-feira (30/10), durante audiência da Comissão de Administração Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
Os prefeitos afetados responsabilizam a Caixa Econômica Federal (CEF) por supostas falhas no sistema de segurança do banco.

O caso mais recente e de maior impacto é o do município de Monte Sião, no Sul de Minas, que sofreu um desfalque de quase R$ 6 milhões em apenas um dia — 54 transferências bancárias realizadas em 29 de setembro de 2025. Situações semelhantes também atingiram as cidades de Luz, Iguatama, Carmópolis de Minas, Silvianópolis e Ribeirão Vermelho.

Durante a reunião na ALMG, o deputado Rodrigo Lopes (União), autor do requerimento, destacou a gravidade da situação:

“Pelo que temos apurado, nos municípios mineiros já há mais de R$ 10 milhões desviados. É algo que exige uma resposta urgente do sistema bancário e das autoridades competentes.”

Falhas no sistema da Caixa são alvo de críticas

Os prefeitos e representantes municipais relataram que todos os golpes foram aplicados em contas abertas na Caixa Econômica Federal, o que levantou suspeitas de falhas no sistema de prevenção de fraudes da instituição.

Em Luz, o golpe — ocorrido em julho de 2024 — gerou um prejuízo de R$ 1,39 milhão. O subprocurador do município, Emerson Ferreira de Lacerda, relatou que o criminoso se passou por funcionário da Caixa e conseguiu obter senhas de acesso sob o pretexto de uma “atualização de sistema”.

“Foram várias transferências das 17h até as 5h da manhã, no final de semana, com valores completamente atípicos. Como o sistema não bloqueou essas transações? O Banco do Brasil, por exemplo, não permite transferências de órgãos públicos nesse horário”, questionou Lacerda.

Segundo ele, até o momento, o município de Luz foi ressarcido em apenas R$ 168 mil do total perdido.

Caixa fala em responsabilidade compartilhada

O superintendente regional da Caixa, José Antônio da Silva, reconheceu os prejuízos e afirmou que todos os casos estão sob investigação da Polícia Federal, mas negou que o sistema do banco tenha sido invadido.

“O sistema da Caixa não foi violado. Todos nós somos responsáveis pela nossa segurança, e as senhas devem ser pessoais e intransferíveis”, declarou.

A declaração, no entanto, gerou insatisfação entre os prefeitos presentes, que afirmaram que as administrações municipais seguem os protocolos de segurança do próprio banco, e que as falhas no monitoramento das movimentações foram determinantes para os golpes.

Enquanto as investigações seguem em andamento, os municípios mineiros cobram ressarcimento integral dos valores desviados e medidas mais rigorosas de segurança digital para evitar novos casos.