Morre Alysson Paolinelli, bambuiense que revolucionou a agricultura brasileira

O professor e ex-ministro da Agricultura Alysson Paolinelli, de 86 anos, morreu nesta quinta-feira (29/06), aos 86 anos. Ele estava internado em estado grave no Hospital Madre Teresa, em Belo Horizonte, após uma série de complicações depois de uma cirurgia no fêmur. A morte foi confirmada pelo hospital. 

No sábado (24/07), ele chegou a receber a visita do governador Romeu Zema. Há alguns meses, Paolinelli fez uma cirurgia e colocou uma prótese no quadril. Após o procedimento, ele teve uma gripe muito forte, que levou à uma pneumonia, que afetou gravemente sua saúde e o deixou fragilizado, de acordo com um amigo da família. As medicações para o restabelecimento da cirurgia comprometeram os rins e também levaram a outras complicações do aparelho respiratório. Ele estava internado há um mês. 

Engenheiro agrônomo e professor universitário, Alysson Paolinelli é apontado por muitos como um dos maiores nomes por trás do desenvolvimento sustentável da agricultura brasileira. Ele é um dos principais responsáveis pela introdução da tecnologia e da pesquisa na produção agrícola, contribuindo para que o Brasil se tornasse uma potência no setor, além de ser um grande defensor da segurança alimentar mundial.

Ele é respeitado como um dos principais responsáveis por Minas ter se tornado uma referência mundial na produção de café. 

Paolinelli idealizou o Programa Integrado de Pesquisas Agropecuárias do Estado de Minas Gerais (Pipaemg), que serviu de base para a criação da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), da  Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e do Sistema Cooperativo de Pesquisa Agropecuária (SCPA).

Mineiro de Bambuí, nascido em 1936, tornou-se agrônomo em 1959 pela Escola Superior de Agronomia de Lavras (Esal) e foi professor da instituição (que hoje é a Universidade Federal de Lavras). Foi laureado pelo World Food Prize, por ter liderado o processo de implantação da Agricultura Tropical Sustentável no Brasil. 

Ele  foi secretário de Agricultura em Minas em 1971, investindo na tecnologia para a melhoria na produção agrícola (especialmente café), e depois ministro da Agricultura no governo de Ernesto Geisel (entre 1974 e 1979). 

Em 2021 e 2022, o engenheiro foi indicado ao prêmio Nobel da Paz - indicação apresentada pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) ao comitê do prêmio. O ex-presidente Jair Bolsonaro chegou a citar o nome de Alysson Paolinelli em seu discurso na abertura da sessão de debates da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, nos EUA, no ano passado.

“Há quatro décadas, o Brasil importava alimentos. Hoje, somos um dos maiores exportadores mundiais. Isso só foi possível graças a pesados investimentos em ciência e inovação, com vistas à produtividade e à sustentabilidade. Faço aqui um tributo à pessoa de Alysson Paulinelli, candidato brasileiro ao Prêmio Nobel da Paz, por seu papel na expansão da fronteira agrícola brasileira com o uso de novas tecnologias”, disse o então presidente Jair Bolsonaro, na abertura da Assembleia-geral da ONU.

Em 2020, durante a pandemia, Paolinelli participou de uma live do jornal O Tempo. Na entrevista, ele criticou o fim da política de preço mínimo para produtos da agricultura, praticado pelo governo federal até os anos 1980. "O país é grande demais para sofrer as interperpéries de erros na política econômica", afirmou.