Firmino Júnior: "Perdoai-vos uns aos outros"!

Falar sobre perdão é fácil, difícil mesmo é perdoar. Inúmeras são as passagens na bíblia sobre o tema, bem como mensagens espalhadas na internet. De fato, perdoar por falta de incentivo não é justificativa. Mas perdoar vai além de simplesmente querer perdoar. O perdão é algo grandioso, admirável, perdoar é conseguir apagar qualquer mágoa, rancor e lembrança ruim que possa estar guardado dentro de nós.

Outra questão importante sobre o perdão, e talvez a que incentive as pessoas a querem buscá-lo, é que ele é melhor para quem dá do que para quem recebe. Eu percebo que quando o perdão é verdadeiro, a pessoa que o recebe se sente pura, mas a pessoa que dá se sente leve, tranquila, feliz. Pontuo ainda, que quando o perdão é dado, ele leva consigo o rancor, o sofrimento, a tristeza e abre espaço para a alegria, a tranquilidade e, principalmente, para o amor.

Vê-se, portanto, que perdoar só traz coisas boas, mas de fato, não é tarefa fácil. Quando uma pessoa é magoada, enganada, traída, eu não acredito que o coração dela se fecha, pelo contrário, eu acho que ele se abre ainda mais. O problema é que ele se abre para receber os sentimentos ruins e fica sensível para dar espaço ao mais perigoso deles, o rancor. E são nesses momentos que ficamos frágeis para receber o que é ruim e duros para dar espaço a tudo que a vida tem de bom para oferecer.

E é por tudo isso que eu admiro a arte de perdoar. Para mim, perdoar é realmente uma arte. Requer sensibilidade, domínio, confiança, tal como quando se pinta ou se esculpe. Perdoar é algo sutil e forte, ao mesmo tempo. Perdoar é bem mais do que dizer palavras vãs como “eu te perdoo”. Dar o perdão é libertar você e o outro de um laço que já se tornou nó, pois, o laço amarra, o nó aperta e maltrata.

Não sei se consegui explicar bem a questão do perdão, uma vez que ele tem que ser sentido, é difícil de ser resumido em alguns parágrafos. Eu só tenho a dizer que perdoar é bom demais. Acho que a sensação é mais ou menos aquela de estar apaixonado, pois amar, assim como perdoar, traz a sensação segurança ao mesmo tempo que deixa o dia mais leve. Deixa o semblante mais iluminado e abre espaço para tudo de bom que está pronto para ser entregue a nós.

Finalizo então, a coluna desta semana, com o melhor resumo de como é válido perdoar e de como perdoar é para aqueles seres grandiosos, aos quais devemos tomar como exemplo, ou seja, Jesus: “Então Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou: “Senhor, quantas vezes deverei perdoar a meu irmão quando ele pecar contra mim? Até sete vezes?” Jesus respondeu: “Eu digo a você: Não até sete, mas até setenta vezes sete”. (Mateus 18: 21-22).

FIRMINO JÚNIOR, bambuiense, professor do Instituto Federal. Mestre em Comunicação e jornalista formado pela PUC Minas. Contato: firmino.junior@yahoo.com.br