Firmino Júnior: Fé faz bem

Com o título acima – por isso está entre aspas – a revista Super Interessante estampou sua capa de novembro do ano passado. Pra quem não sabe, a Super é uma publicação da Editora Abril, dedicada a noticiar fatos científicos. Mas o que fazia essa abordagem numa revista de tal cunho? Simples. Ela comprovava o que a religião, ou a maioria delas, já sabia: pessoas que tem fé possuem uma vida melhor, mais saudável, enfim, mais feliz. Fé em Deus e qualidade de vida andam lado a lado. Trocando em miúdos, está comprovado que a fé faz bem para a saúde. De acordo com a revista, para o médico americano Andrew Newberg, autor do livro Why God Won’t Go Away (“Por que Deus não vai embora”, sem tradução em português), a resposta está na arquitetura neurológica do nosso cérebro. Para ele, o mais desenvolvido órgão humano é especialmente calibrado para a experiência espiritual. Analisando imagens captadas por tomógrafos, Newberg pesquisa como a oração e a meditação se manifestam no cérebro. Ele diz ainda que a neurociência pode elucidar experiências místicas e acredita que o conceito de Deus é fundamental para a sobrevivência da espécie humana. Newberg vai ainda mais longe e chega a defender que cursos de teologia e de princípios das religiões sejam obrigatórios para os profissionais da área de saúde. Segundo ele, um médico terá mais chances de conquistar a confiança de um paciente, e consequentemente ser bem-sucedido no tratamento, se estiver familiarizado com sua crença. O cientista alerta ainda que não há uma religião mais adequada do que outra. Aliás, religião é meramente a institucionalização da fé. É plenamente possível ter fé sem ter religião, a coisa só fica mais dificultosa. Já dizia Mahatma Gandhi, “a fé não é algo para se entender, é um estado para se transformar”. Ou seja, indiferente de sua religião, tenha fé. Se for ateu, tenha fé também, pelo menos de que as coisas vão melhorar... A revista lembra: há evidências de que pessoas que rezam estão associadas a quadros de redução da tensão muscular e de menor incidência de doenças coronarianas. Indivíduos que meditam apresentam redução da ansiedade, da depressão e da irritabilidade, e aprimoramento da capacidade de aprendizagem, da memória e da estabilidade emocional. Também existem evidências de que a meditação pode aliviar dores crônicas. Em um estudo, 77 pessoas que sofriam de fibromialgia passaram por um programa antiestresse de 10 semanas que usava técnicas de meditação. Todos apresentaram melhoras nos sintomas. Uma pesquisa com um grupo de pacientes operados do coração mostrou que a incidência de mortes durante o período de recuperação era maior entre os que não praticavam nenhuma fé. Outro estudo, feito com mulheres negras com câncer de mama, mostrou que as que não pertenciam a nenhuma religião tinham tendência a viver menos. Tenhamos fé. Fé em Deus. Fé que as coisas vão melhorar... Fé que tudo vai dar certo. Perca tudo, menos a fé. Até a ciência já se rendeu a isso. Se possível for, tenha fé em Deus, no nosso Criador. Nele que tudo transforma como e quando quiser. Mas não se esqueça, não seja cego! Se “fé cega” fosse uma coisa boa não teria esse nome. Fé de verdade é aquela que discute com a ciência, sem fanatismos, sem exageros. Não é à toa que nunca tivemos nenhuma nação completamente descrente, pois Deus está realmente dentro de nós e, por mais que às vezes duvidemos da sua força, isso é só uma sensação exalada, não é algo verdadeiro. Encerro com a máxima de Santo Agostinho: “Ter fé é assinar uma folha em branco e deixar que Deus nela escreva o que quiser”. FIRMINO JÚNIOR, bambuiense, é professor na PUC Minas e no Instituto Federal, também jornalista e escritor, tem mestrado na área de Comunicação. Contato: .firmino.junior@yahoo.com.br