Firmino Júnior: Dia de Maria Bonita
Em 8 de março de 1911, nascia na Bahia, Maria Gomes de Oliveira, que ficou popularmente conhecida como Maria Bonita. Coincidentemente, 64 anos depois, a data foi escolhida como o Dia Internacional da Mulher, por muitos motivos, obviamente, não para homenageá-la. Exemplo de mulher, que escolhi para versar brevemente sobre sua biografia e, assim, homenagear todas as nossas leitoras. Maria Bonita quebrou paradigmas e foi além do seu tempo. Tempo de guerra! Primeira mulher a participar de um grupo de cangaceiros, amasiada com Lampião – o Rei do Cangaço, e desquitada, o que para a época era um absurdo, Maria Bonita estava anos-luz a frente dos preconceitos e desatinos cometidos por nós homens. Pegava em armas, lutava, brigava, gritava e abriu caminho para a liberdade moral de todas as mulheres que vieram depois dela. Morreu jovem, é verdade, já que aos 27 anos foi degolada viva junto com Lampião e outros nove cangaceiros que brigavam por uma terra sem leis e justiça. Mas não é apenas a “coincidência” de Maria Bonita que nos remete a esta que é uma das datas mais importantes do ano. O nome março, coincidentemente, apareceu na Roma Antiga e se chamava Martius, ou seja, o deus romano da guerra. Na Itália, vale lembrar, o clima é mediterrânico, então é março o mês que inaugura a primavera. Mais uma coincidência: na Rússia, até o fim do século XV, o ano começava em março. Na Grã-Bretanha o ano também se iniciava neste mês até 1752, é claro, antes do calendário gregoriano, que vigora até hoje no mundo ocidental. Mas se 8 de março, Dia Internacional da Mulher, era o aniversário de Maria Bonita e mais uma série de datas importantes na história da humanidade, será que o número oito também revela algo sobre esse dia de mulheres? Bom, oito é o número da sorte para os chineses, e colocado deitado, é o símbolo do infinito, além disso, o dia 8 de cada mês era consagrado na Grécia (em Atenas), ao deus dos mares, Possêidon, justamente por sua abrangência matemática. Veja só: oito é o primeiro cubo de um número par e o dobro do primeiro quadrado, o que revela, assim, a firmeza do deus Possêidon. Coincidência com a escolha de 8 de março? Sei que escolhi uma forma diferente de homenagear as mulheres, bem menos comum. Poderia elencar uma série de fatores que revelam o quanto esses seres são importantes ou destacar sua luta pelo voto ou pelos direitos iguais. Entretanto, relatar essas coincidências só ajudam a mostrar que não há coincidências. A roda da vida, desde sempre, destacou a importância das mulheres. Afinal de contas, Deus não faz nada desnecessário, certo? Pra você mulher, parabéns por tudo, por ser, por fazer gerar a vida e por conseguir conciliar dureza e meiguice, amor e razão, beleza e pureza. Parabéns mulher, por não precisar começar o dia como nós homens, ou seja, amarrando uma corda no pescoço chamada gravata (!). E como disse o sábio Orson Wells: “se não fossem as mulheres, o homem ainda estaria agachado em uma caverna comendo carne crua. Nós só construímos a civilização com fim de impressionar as nossas namoradas”. Ou então como exclamou a brava líder política Margaret Thatcher: “se você quer que algo seja dito, peça a um homem, se você quer que algo seja feito, peça a uma mulher”. Parabéns a todas as “Marias-Bonitas” que fazem nossos dias serem melhores e mais cheirosos! FIRMINO JÚNIOR, bambuiense, é professor na PUC Minas e no Instituto Federal, também jornalista e escritor, tem mestrado na área de Comunicação. Contato: .firmino.junior@yahoo.com.br