Pedreira "Lagoa Azul" pode estar contaminada

A Famosa Pedreira “Lagoa Azul”, localizada no município de São João Batista do Glória,  que sempre foi e continua sendo um dos destaques de turismo da cidade, atraindo visitantes de todos os cantos do país, inclusive sendo cenário para gravação do filme Motorrad, está desativada há aproximadamente 15 anos. Nos últimos anos vem sendo usada para banho, como ponto de entretenimento e diversão. Porém, tem causado certa preocupação para moradores da região, por conta da sua coloração estar mudando, o que acabou causando dúvidas de que a água esteja contaminada.

Conforme o presidente do Conselho de Turismo de Passos, o turismólogo Conrado Andrade, o local está em uma área embargada de mineração de quartzito; e entre as diversas crateras formadas pela extração surgiram grandes “piscinas” que não se sabe a origem da água, se são pluviais ou do lençol freático. “Há dois anos atrás, fizemos a coleta da água em uma parceria com o aplicativo de informações turísticas Canastra Live e a faculdade de Passos para mostrar às pessoas como estava a qualidade da água. Ela era límpida e cristalina, mas existiam rumores que existia contaminação por metais pesados”, afirma.
Neste ano, após o uso como local para banho, as fotos foram feitas novamente, do mesmo ponto e a água apresenta um tom esverdeado. Isso tem levantado a suspeita de contaminação. 

O engenheiro civil e proprietário de área na região, conhecido como Paraíso Perdido, Hebert Mendonça, aponta que, dificilmente a água está sem qualquer tipo de contaminação. “Aquela água é parada de chuva. Eu nunca soube que naquela ruína houvesse alguma mina, para que a água brotasse. E então as pessoas começaram a frequentar e, mesmo sem ser contaminada, num primeiro momento, basta raciocinar: não tem banheiro. Então, onde as pessoas urinam? Entram com óleo no corpo, desodorante, protetor solar. Isso tudo num poço de água parada, qual a tendência? Que bactérias se criem neste espaço. Percebemos ao longo dos meses que a água começou a esverdear, possivelmente, por desenvolver bactérias, que podem ser anaeróbicas. Se alguém me perguntasse se eu usaria aquela água para banho, a resposta com certeza seria ‘Não, eu não usaria’. A menos que tivesse um laudo técnico. Que no caso não tem”, explicou.

Ainda conforme Mendonça, seu interesse sempre foi pelo turismo regional, sendo um dos primeiros a atuar nesta área, sempre preocupado com a sustentabilidade da natureza. 
Em novembro do ano passado, na sede do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em São Roque de Minas, foi realizada uma reunião entre o proprietário do ponto turístico Lagoa Azul, José Bernardino, o diretor do Departamento Municipal de Turismo, Esporte e Lazer de São João Batista do Glória, Leandro Garrossino, e o diretor do Parque Nacional da Serra da Canastra, Fernando Tizianel, para explicar a situação e definir uma melhora na localidade.

“Nós da Prefeitura do Glória não podemos fazer nada em relação à melhora da água para estar própria para banho, mas eu já oficializei o ICMBio e eles vão notificar o dono para que seja proposto um plano de uso dessa área. Cheguei até a propor ao proprietário de montar um barzinho para ter alguém que tomasse conta do local, pois já tiveram duas tentativas de assaltos pela região. E assim fosse realizada até uma limpeza na água. Mas como ele queria vender para montar um grande hotel, o Fernando esclareceu que este tipo de empreendimento não pode ser autorizado”, informa Garrossino.

Na semana passada, o Carnaval acabou fazendo com que centenas de pessoas fossem ao local, e a situação se tornou ainda pior. “Recebi muitas reclamações, pois tinham muitos utensílios de cozinha e outros lixos na água. A coloração da água não é a mesma como era antes. Então como a região é particular e está dentro do Parque Nacional, que é do Governo Federal, nós da prefeitura do Glória não podemos tomar ações, apenas pedir providências”, alega Garrossino.
A direção do ICMBio orientou o diretor do Departamento Municipal de Turismo, Esporte e Lazer de São João Batista do Glória na semana passada, conforme dito por ele, a encaminhar um ofício explanando sobre o caso. Logo, no dia 19 de fevereiro, foi encaminhado o pedido.

“Até o momento não foram realizadas pelo ICMBio análises que possibilitem afirmar que a água é própria para banho. Estamos em contato com o Leandro Garrossino e iremos tomar as providências cabíveis junto ao proprietário, a fim de que a exploração da antiga pedreira não cause danos ao patrimônio natural local”, afirma Fernando Tizianel. 
Procurado pela reportagem o proprietário da pedreira disse que não emitiria um pronunciamento via telefone sobre o caso.